Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro (sem partido), declarou nesta sexta-feira (18) que o presidente da República deve sofrer todos os dias com o peso na consciência pela morte de mais de 280 mil brasileiros pela Covid-19.
Natural do Mato Grosso do Sul, o médico ortopedista recorreu a uma frase da sua região para se referir ao momento atual de Bolsonaro.
"Todo dia ele deve botar a cabeça no travesseiro e dizer 'o que estou fazendo, o que eu fiz, esse povo todo sofrendo'. Ele está igual a um peru na chapa quente, não consegue pôr o pé no chão", ironizou.
Em entrevista ao apresentador José Eduardo, na rádio Metrópole, Mandetta garantiu que tentou "orientar" Bolsonaro de todas as formas, seja com uma explicação técnica a respeito do vírus, até as mais simples, mas que percebeu que não encontraria respaldo no Planalto.
"Tentei orientar, ajudar, a ele que me nomeou, mas vi que ali não é fértil, ali não cresce sabedoria, ali é o cemitério do bom senso", lamentou.
Segundo o ex-minsitro, o presidente foi avisado por ele da possibilidade de outras ondas de contaminação, mas ainda assim preferiu não selar o acordo com a Pfizer, por exemplo, para garantir o fornecimento de doses da vacina.
De acordo com Mandetta, a política do Governo Federal era de deixar que as pessoas se contaminassem, na expectativa de alcançar a imunização de rebanho.
Diferente de outros países como EUA e Inglaterra, que se reaproximam da retomada das atividades, o Brasil tem somente cerca de 5% da sua população vacinada e atualmente concentra o maior número de casose mortes diárias decorrentes da doença.
O atraso do Brasil em relação ao mundo, destaca Mandetta, é determinante para o agravamento da crise econômica, e que Bolsonaro deve estar "ajoelhando no milho" enquanto reza para que uma nova variante resistente às vacinas não se desenvolva no país.
Caso contrário, diz o ex-ministro, o mundo vai cobrar do presidente em exercício pelo total descaso com o enfrentamento da Covid-19.
"Eles falaram 'não' para a compra de vacinas porque acreditavam que essa doença daqui a 8 ou 10 semanas ia ter acabado, falei a ele que ia vir por ondas [...] eles apostaram em uma coisa, não vamos comprar vacina não, eles vão se contaminando", acusou Mandetta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário