Passar por um trauma facial ou mesmo por uma cirurgia em decorrência de um câncer de pele no rosto pode necessitar de extração parcial ou total do nariz, orelha ou olho de um paciente. Situação que pode deixar sequelas estéticas e psicológicas, mas que podem ser minimizadas com o uso de próteses faciais de silicone, um dispositivo assistivo essencial para a recuperação psicoemocional destes pacientes.
Com o objetivo de substituir um procedimento antes moroso e realizado manualmente, empresas vêm investindo em inovação para tornar este processo mais ágil e acessível. Este foi um dos motivos que contribuiu para que a startup Regenera fosse aprovada a participar do Programa Centelha. O programa, realizado com recursos da Fundação Araucária e da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), visa estimular a criação de empreendimentos inovadores e disseminar a cultura empreendedora.
O trabalho realizado pela startup substitui alguns procedimentos manuais necessários quando o trabalho é realizado por um protesista, por operações virtuais para casos de próteses nasais, auriculares e óculo-palpebrais tomando como base uma digitalização da face do paciente que possibilita esculpir a prótese virtualmente, projetar um molde para silicone partindo desta geometria e fabricar o molde usando impressão 3D.
“A área médica é muito deficitária e queríamos fazer algo na engenharia voltado para a área da saúde. Todo o apoio que recebemos participando do Centelha foi primordial para a existência da Regenera. Nossa startup foi criada, em 2021 para participar deste edital. Não teríamos conseguido sem o recurso para iniciar a produção e a capacitação fornecida pelo Centelha”, disse o engenheiro mecatrônico e um dos sócios da startup, Felipe Mateus Franco.
A empresa de biomodelagem presta serviços a hospitais e clínicas. Além da produção de próteses faciais, a startup também atua na impressão de biomodelos usados nos estudos de casos antes da realização de procedimentos cirúrgicos. A produção nacional ainda é muito pequena e muitas clínicas e profissionais precisam importar as peças. “Tem muita coisa que está disponível lá fora mas no Brasil os médicos não sabem como ter acesso. Às vezes fazendo alguma adaptação a gente consegue produzir”, relata o engenheiro.
PERSONALIZAÇÃO– O grande diferencial do trabalho realizado na startup é a personalização minuciosa. “Produzimos a peça personalizada, que pode ser um osso, para que o médico possa estudar o caso antes da realização da cirurgia de um osso que apresenta alguma deformidade, por exemplo. Não é um osso qualquer. É um osso daquele paciente que o médico só poderia visualizar no momento da cirurgia para saber da condição dele. Já fizemos ossos, mandíbulas, estômago”, detalha.
A Regenera também produz mamas de silicone, usadas por mulheres que passaram por uma cirurgia de retirada da mama, principalmente, acometidas por câncer. A startup está instalada na incubadora de inovações da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba.
“A gente adora o nosso trabalho como empresa de impressão 3D que está ligada à área da saúde, então a gente vê que isto é uma entrega de valor imensa para todos os pacientes que a gente ajuda e todos os médicos, na expectava de que eles continuem no melhor tratamento possível e com um custo que não seja exorbitante pra eles”, afirma Franco.
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CENTELHA– O Programa Centelha oferece capacitações, recursos financeiros e suporte para transformar ideias em negócios de sucesso. A iniciativa contou com o investimento da Fundação Araucária e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) de R$ 4,6 milhões em suas duas edições. O número de empresas apoiadas deve passar de 70, com o valor de até R$ 60 mil por projeto.
O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, ressaltou que o movimento das startups está entre as principais agendas que o governo estadual tem encaminhado desde 2019 e que a Fundação Araucária se posiciona como a instituição que mais apoia financeiramente as startups no estado.
“O Centelha é uma excelente oportunidade de estimular o empreendedorismo inovador. Este ano nós devemos chegar a quase R$ 270 milhões já investidos nas startups somando as edições dos programas como o Snapse, Tecnova e Centelha além de outro conjunto de programas”, afirma o diretor.
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