Embora seja uma cidade que se projeta nacionalmente por sua importante e diversificada economia, bem alicerçada nos pilares do comércio, indústria, serviços e agronegócio, Feira de Santana jamais se tornou indiferente às manifestações artístico-culturais e sempre pontuou esse universo com expressões marcantes, especialmente no campo das artes plásticas. Enumerar valores nessa área é listar nomes, muitos talvez até esquecidos, porque o passar do tempo traz mudanças, e a falta de preservação da memória pode ser fatal, em alguns casos.
Raimundo Oliveira, para alguns que conhecem profundamente a arte, é considerado o melhor deles. Pintor de talento nato, viveu no século passado produzindo fartamente e hoje tem seu nome cravado no Museu de Arte Moderna de Feira de Santana — uma homenagem válida, mas talvez pequena para o seu merecimento. Há muito radicado em Salvador, o médico Cesar Romero atingiu uma envergadura artística difícil de ser alcançada. Suas obras, facilmente identificáveis através das belas faixas coloridas, são reconhecidas e premiadas no Brasil e no exterior.
Outro feirense que estabeleceu o planeta Terra como limite de sua arte é Juracy Dórea. Para vê-lo em sua plenitude, basta ir à Praça João Pedreira, ali bem próximo ao prédio da Prefeitura Municipal. Uma escultura em metal representa o cenário do sertão, válido para o interior baiano e para todo o árido torrão nordestino. Mas são muitos os pintores feirenses, aos quais não faltam qualidade, mas talvez maior incentivo e oportunidade, como: Nailson Chaves, Geraldo Santana, Carlos Silva e José Carlos.
Todavia, independente desses e de outros nomes não mencionados, vale falar mais detalhadamente sobre o feirense da Praça Froes da Mota, Antônio Carlos de Oliveira Barbosa, que adotou como nome artístico Carlo, sem o "S", e assim se consagrou. Filho de Antônio Cassiano Barbosa e dona Judith Simões Barbosa, desde garoto, na escola e em casa, não deixava escapar um pedaço de papel sem cravar um desenho seu. Mania? Destino? Difícil saber. Com a morte do pai em 1961, deixou os estudos para trabalhar e, ainda sob o impacto da perda, produziu a tela “Apreensão”, marcando fortemente o início de sua carreira.
Passou a residir em Salvador e, logo depois, ainda jovem, aos 15 anos, denotando destemor e autoconfiança, foi para o Rio de Janeiro, onde permaneceu durante muitos anos. Trabalhando com temática religiosa, alcançou enorme sucesso na Cidade Maravilhosa. Ao longo de sua carreira artística, fez 15 exposições individuais e participou de 30 mostras coletivas, recebendo os maiores elogios dos críticos de arte do Rio de Janeiro e de todo o país. Obras de Carlo Barbosa estão em alguns dos mais importantes museus brasileiros. O artista feirense, nascido em 20 de junho de 1945, faleceu em Salvador ainda jovem, no dia 28 de março de 1988, aos 42 anos de idade, e foi sepultado no Cemitério Piedade, nesta cidade.
Em 2002, a professora Lucy Barbosa — irmã do artista e sua admiradora — criou a Fundação Carlo Barbosa, visando à preservação do grande acervo existente, e, mais recentemente, construiu um imóvel para sediá-lo. Carlos Barbosa ou Carlo Barbosa, com "S" ou sem "S", foi um dos maiores talentos da pintura da Cidade Princesa.
Reverenciando essa obra artística de rara qualidade, tanto no uso do pincel com óleo sobre tela, espátula, nanquim e outras técnicas, sua irmã, a professora Lucy Barbosa, empenhou-se na criação de uma instituição destinada a preservar todo o acervo existente, tendo, inclusive, edificado um local para sediar o museu do artista feirense. Todavia, a dedicada Lucy Barbosa teve a vida interrompida, não podendo cumprir o compromisso assumido, íntima e publicamente, de não deixar cair no esquecimento o nome do seu irmão: Antônio Carlos Oliveira Barbosa — Carlo Barbosa.
Esta reportagem faz parte da série de matérias especiais elaboradas pela Secretaria de Comunicação Social, destacando personalidades feirenses, monumentos, órgãos e empresas que integram a história do município. A iniciativa comemora o aniversário de 191 anos de emancipação político-administrativa de Feira de Santana, celebrado em 18 de setembro.Por: Zadir Marques PortoMín. 16° Máx. 37°