As apresentações dos novos hipercarros da Ferrari são ansiosamente aguardadas pelos fãs de carros. Porém, diferentemente dos também esperados novos iPhone, com lançamento anual, os novos carros-chefes da Ferrari só aparecem, pelo menos, a cada dez anos. Assim, chegou a hora de a LaFerrari, mostrada em 2014, ceder seu trono: eis a Ferrari F80.
Com um legado que também inclui heranças das poderosas GTO, F40 e Enzo, a F80 estreia como o carro de rua mais potente já feito pela marca. Além disso, apenas 799 unidades serão produzidas para atender ao mercado global.
O desenho disruptivo é proposital. Segundo a Ferrari, a intenção da equipe de design liderada por Flavio Manzoni foi de realizar uma “mudança radical” na linguagem visual da marca, mas incorporando elementos de diversas outras épocas para manter seu DNA. Referências aeroespaciais também estão na F80.
Em comparação com outros modelos da marca, mas remetendo aos mais antigos, a dianteira é mais alta e alinhada à traseira. Ainda na seção frontal, uma faixa preta interliga os faróis, como na 365 GTB/4 Daytona, dos anos 1970, que também serviu de inspiração para a recém apresentada 12Cilindri. O formato lembra outros modelos da década de 1980, como a 288 GTO.
As laterais com degraus e recortes retos, assim como a tomada de ar logo após as portas, nos fazem lembrar da icônica F40. Visto de cima, o modelo abusa de nichos para saída de ar e composição aerodinâmica. Acima do motor, as seis aberturas remetem ao número de cilindros do motor a combustão.
A carroceria é feita em fibra de carbono com tecnologia emprestada da Formula 1, as portas têm abertura do tipo borboleta (de quase 90° acima da carroceria). Já o chassi mistura elementos. Fuselagem e teto são feitos em fibra de carbono e materiais compostos, subquadros dianteiro e traseiro são de alumínio e fixados com parafusos de titânio. Houve uma redução de 5% no peso e um aumento de 50% na rigidez de torção em relação a LaFerrari, graças a novas aplicações e fundições.
O interior, como em todo supercarro, é minimalista e dá destaque ao piloto. Na F80, o banco do motorista é vermelho e, o do passageiro, preto. O painel também é todo voltado a quem está guiando o veículo, o quadro de instrumentos é digital (sem tamanho divulgado, afinal, quem se importa neste caso?) e há uma pequena tela central para o ar-condicionado.
A F80 estreia o primeiro motor elétrico projetado, testado e produzido internamente pela própria Ferrari. Esse desenvolvimento aconteceu para que a própria marca pudesse explorar o máximo do propulsor em desempenho e peso, sem dar satisfações ou depender de outras empresas. Há três deste motor elétrico combinados a outro a combustão.
Ao todo são quatro motores. O principal é o V6 3.0 biturbo vindo da 499P, que correu em LeMans, com 900 cv de potência. Ele é combinado aos três elétricos, sendo dois no eixo dianteiro e um no traseiro. O traseiro entrega até 95 cv e, os dianteiros, mais 142 cv cada um. Ou seja, a Ferrari F80 tem nada menos que 1.200 cv e é o carro de rua mais potente já feito pela Ferrari.
O câmbio de dupla embreagem vem da F1 e tem oito marchas, e a tração é integral. Com esse conjunto, segundo a marca, a F80 é capaz de ir de 0 a 100 km/h em 2,15 segundos, de 0 a 200 km/h em 5,75 segundos, e chegar à velocidade máxima de 350 km/h.
A aerodinâmica, claro, tem papel fundamental no modelo, que pode chegar a 1.050 kg de downforce aos 250 km/h – 460 kg na dianteira e 590 kg na traseira. Quem também brilha são os modos de condução, três no caso da F80: Hybrid, Performance e Qualify.
O primeiro é o modo padrão na partida do supercarro, com condução eficiente para situações corriqueiras. O modo Performance garante mais desempenho e mantém a bateria com 70% de carga, para manter também a performance do carro. Já o modo mais extremo é o Qualify, que entrega o máximo de tudo o que o carro oferece.
Nos dois últimos modos é possível ativar o inédito Boost Optimisation, que identifica o circuito no qual o motorista está dirigindo e prepara o veículo para aquele local, deixando-o pronto para cada trecho do traçado. Ao ativar a função, é preciso dar uma volta de reconhecimento para que o sistema grave e, assim, inicie a otimização automática.
A Ferrari aponta que, diferentemente da SF90 e da 296 GTB, a F80 não oferece o modo eDrive, de condução totalmente elétrica. Isso, segundo a marca, “não corresponde ao seu uso pretendido”. Mas conte com sistemas conhecidos de segurança para as ruas, como os itens de ADAS: ACC, frenagem automática de emergência, alerta de saída de faixa, farol alto automático, leitura de placas de velocidade e detector de fadiga.
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