Quarta, 26 de Março de 2025
20°

Parcialmente nublado

Euclides da Cunha, BA

TECNOLOGIA 100 anos

Technos completa 100 anos, com aposta em smartwach para atrair clientes jovens

Fundada na Suíça em 1924, companhia centenária chegou ao Brasil em 1958 e transferiu sua fábrica Manaus na década de 1990

24/10/2024 às 08h47
Por: MARCELO NOBRE Fonte: Redação
Compartilhe:
O modelo de 1924 é inspiração para uma série de 500 unidades para colecionadores, em comemoração ao centenário da marca — Foto: Divulgação/Technos
O modelo de 1924 é inspiração para uma série de 500 unidades para colecionadores, em comemoração ao centenário da marca — Foto: Divulgação/Technos

De uma pequena produção no vilarejo de Welschenrohr, no norte da Suíça, à fábrica na Zona Franca de Manaus, no Amazonas, a Technos chega ao centenário produzindo cerca de 3 milhões de relógios ao ano. Depois de enfrentar flutuações econômicas ao longo das décadas, a empresa teve resultados difíceis nos últimos anos, mas vem se recuperando e renovando o otimismo. A aposta da companhia, dona ainda de marcas como Mormaii e Condor, é valorizar relógios tradicionais ao mesmo passo em que atrai consumidores jovens com smartwatches de preços mais acessíveis.

Continua após a publicidade
Anúncio

A data específica de fundação da Technos, em 1924, pela família Gunzinger, se perdeu com o tempo. A empresa desembarcou no Brasil em 1958, com uma parceira de distribuição, até que na década de 1990 o empresário Mário Goettems comprou os direitos globais da marca, que se tornou genuinamente brasileira. A produção, então, passou para a Zona Franca de Manaus, e a antiga fábrica, em solo suíço, hoje opera como um museu dedicado aos relógios.

Continua após a publicidade
Anúncio

Com a abertura de capital em 2011, a empresa ganhou fôlego para ampliar as operações: o portfólio aumentou, com a compra ou distribuição no país de marcas como Mormaii, Euro, Fossil e Michael Kors, e novas lojas foram abertas.

Continua após a publicidade
Anúncio

– A adição de novas marcas permitiu à empresa ampliar sua participação de mercado, oferecendo produtos para novos segmentos. A marca Technos serve a um consumidor adulto mais exigente, em busca de um produto com design e funcionalidades mais sofisticadas. A Mormaii por outro lado atende a um público mais esportivo e interessado em temas de saúde. A Euro serve a demanda de mulheres muito antenadas à moda, e a Condor serve a um público de massa em busca de custo-benefício – observa o CEO Joaquim Ribeiro.

O executivo já tinha passado pela Technos entre 2008 e 2014, como diretor-presidente. Ele voltou ao comando da empresa em 2019, em meio a uma queda nos resultados, quando a marca resolveu apostar na diversificação de produtos, com o lançamento de linhas de óculos, joias e acessórios.

A situação ainda piorou, e a empresa chegou a fechar no vermelho em 2019, com um prejuízo líquido de 122,7 milhões. De lá para cá, a Technos tem crescido. Em 2023, o grupo fechou com lucro líquido de R$ 56,2 milhões.

No primeiro semestre deste ano, o balanço foi de R$ 35,5 milhões, numa alta de 7,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. De janeiro a junho, foram 987 mil relógios vendidos, alta de 14,7% na comparação com o primeiro semestre de 2023. O preço médio é de R$ 197.

— Implementamos um plano bem-sucedido, back to basics, para reconectar com nossas origens, clientes e coleções históricas de produtos icônicos — diz.

Smartwatches crescem até 25%

O crescimento da empresa nos últimos anos reflete os movimentos do mercado relojoeiro. Dados da Euromonitor mostram que, no Brasil, o setor tem crescido cerca de 15% ao ano desde 2020, recuperando-se gradualmente e superando os níveis pré-pandemia, após uma queda da ordem de 6% no período.

O principal destaque são os smartwatches, que tem mostrado um crescimento constante nos últimos cinco anos, variando entre 15% e 25%. Já o segmento de relógios tradicionais, que sofreu uma queda significativa de aproximadamente 15% em 2020, vem se recuperando com um crescimento anual de cerca de 13%, como destaca Ricardo De Carli, sócio da consultoria Bain & Company.

— Os smartwatches têm se destacado pelas inovações tecnológicas constantes e pela melhoria na experiência do usuário. Além disso, a expansão do portfólio de produtos com opções a preços mais acessíveis tem contribuído para ampliar o público-alvo e o potencial de mercado, uma tendência que deve permanecer nos próximos anos — analisa.

A Technos ao longo dos seus 100 anos

Ele pontua que a busca por relógios inteligentes vem principalmente de consumidores mais jovens, por conta das funcionalidades tecnológicas. De olho nessas gerações, a Technos tem investido em modelos com preços mais acessíveis. Enquanto gigantes de tecnologia como Apple e Samsung têm smartwatches custando de R$ 2,2 mil a R$ 9 mil, os produtos da marca saem numa média de R$ 950.

— É uma nova categoria de produtos tecnológicos que complementa bem a categoria de relógios tradicionais. Nosso objetivo e ter o maior portfólio de produtos tradicionais e conectados do mercado, atendendo vários segmentos consumidores em diversas faixas de preço. Muito além de um apontador de tempo, os relógios hoje são símbolo de status, acessórios de moda, monitores de saúde e equipamentos tecnológicos — diz Ribeiro.

Outra aposta da marca, numa resposta à demanda dos consumidores, são modelos como foco na prática esportiva, como a corrida. Recém-lançado pela marca, o Connect Sports Call se adapta às necessidades de treino do usuário, com mais de 100 modalidades esportivas disponíveis e monitoramento de batimentos cardíacos, estresse, sono e lembretes de hidratação. Custa R$ 1.099.

— É um grupo de consumidores bastante exigente e que demanda produtos funcionais mais sofisticados. Um grande vetor de crescimento para a empresa é justamente a comercialização de produtos voltados para a pratica esportiva.

De Carli, da Bain & Company, ainda observa que, paralelamente ao mercado de relógios inteligentes, no mercado tradicional os modelos de luxo — tanto novos quanto seminovos — continuam atraindo consumidores de maior poder aquisitivo, que os veem não apenas como acessórios de moda, mas também como potenciais investimentos, no caso dos relógios mais caros ou percebidos como itens de luxo.

Coleção limitada

Ribeiro diz que, nos últimos anos, a marca notou um interesse maior dos consumidores com modelos automáticos mais tradicionais. Por isso, a empresa resolveu apostar neste tipo de produto para celebrar o centenário da marca.

Serão dois modelos com maquinismo automático e design vintage. Um deles será uma releitura do primeiro lançado pela marca na Suíça, em 1924. A coleção em série será limitada e numerada em apenas 500 unidades para colecionadores, e os exemplares virão acompanhados de troca-pulseira e uma placa comemorativa.

Os outros modelos serão uma coleção comercial inspirada na primeira seleção de relógios vendidos pela marca no Brasil a partir de 1958. Os valores ainda não foram divulgados.

— Serão vários modelos com estilos vintage e preços mais acessíveis, que estarão disponíveis em relojoarias e joalherias por todo o país — diz Ribeiro.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários