A Polícia Civil pediu a prisão preventiva de Marcelo Batista da Silva, ex-policial militar e dono do ferro-velho localizado em Pirajá, onde dois trabalhadores desapareceram na última semana. De acordo com o inquérito, obtido com exclusividade pelo BNews, o suspeito está sendo investigado pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, participação em grupo de extermínio, milícia armada e tortura.
A investigação aponta que Marcelo, que está foragido, está promovendo a destruição de provas de que teria cometido os crimes. Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento, de 24 anos, e Matusalém Silva Muniz, de 25 anos, desapareceram após irem trabalhar no ferro-velho. Familiares apontam que Marcelo é o responsável pelo desparecimento das vítimas. O dono do local nega as acusações.
Imagens das câmeras de segurança do circuito interno do prédio onde Marcelo mora mostram homens que, segundo a polícia, estariam agindo sob orientação do investigado. Eles retiram pertences do seu interior apenas um dia após o crime e saíram com uma mala na mão. A última vez que Batista foi visto no apartamento foi o mesmo em que as vítimas desapareceram.
A investigação aponta ainda vestígios que sugerem que o ferro-velho teria sido o local onde as práticas de tortura teriam ocorrido.
"No galpão de propriedade do investigado, onde há fortes indícios de que o crime foi cometido, foram encontrados prováveis vestígios de sangue recolhidos pela perícia, ao passo que o circuito de câmeras de segurança foi completamente destruído, evidenciando a tentativa deliberada de apagar registros que poderiam elucidar o ocorrido", afirma a investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A ação ainda cita o envolvimento de Marcelo Batista em outros dois crimes, o assassinato de um outro funcionário e uma mulher, além da tentativa de homicídio de um outro homem. No inquérito, a polícia acusa o dono do ferro-velho de integrar uma milícia armada em conluio com outros policiais militares. Os casos se relacionam, já que, de acordo com a investigação, diante da suspeita de furto de materiais no ferro-velho, outros funcionários também teriam morrido da mesma forma.
Uma testemunha, na condição de anonimato, declarou a existência de um "sistema de tráfico de arma de fogo", fato que se confirma com a prisão de um policial militar baiano identificado como Diego Afonso Saraiva, preso na Paraíba pelos crimes de extorsão mediante sequestro e em Alagoas por traficar armamentos. A testemunha ainda confirmou ouvir disparos de armas de fogo dentro do galpão do ferro-velho, logo após Marcelo Batista perceber o furto de alumínio. Após isso, os outros funcionários do ferro-velho teriam sido orientados a não irem trabalhar no dia seguinte.
O circuito interno de câmeras do ferro-velho, que seria uma peça-chave na investigação, foi totalmente destruído.
Nas buscas, no entanto, a perícia constatou vestígios de sangue em uma das lixeiras do ferro-velho. O material foi encaminhado para os peritos.
O carro de Marcelo foi incendiado na madrugada de sexta-feira (8). De acordo com a investigação, o próprio dono do veículo teria ordenado o incêndio na tentativa de ocultar provas e dificultar a investigação.
Para a polícia, não há dúvidas do envolvimento de Marcelo Batista nos crimes e do envolvimento de policiais militares no caso.
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