Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, conhecida como Irmã Dulce, nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador, Bahia. Desde a infância, Maria Rita era uma criança cheia de alegria, que adorava brincar com bonecas, empinar arraias e tinha uma especial predileção pelo futebol, sendo torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time que representava a classe trabalhadora e os excluídos sociais. Sua vocação para trabalhar em benefício da população carente foi influenciada diretamente por sua família, especialmente por seu pai e sua irmã Dulcinha.
O desejo de se dedicar à vida religiosa começou a se manifestar na adolescência, após visitas a áreas onde habitavam pessoas pobres. Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar como professora, Maria Rita ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus em São Cristóvão, Sergipe. No dia 13 de agosto do mesmo ano, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de Irmã Dulce em homenagem à sua mãe.
A primeira missão de Irmã Dulce foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação no bairro da Massaranduba, em Salvador. No entanto, seu pensamento estava voltado para o trabalho com os pobres. Em 1935, começou a oferecer assistência à comunidade carente de Alagados, um conjunto de palafitas no bairro de Itapagipe.
Nessa época, ela também atendeu aos operários locais ao criar um posto médico e fundar em 1936 a União Operária São Francisco, a primeira organização operária católica do estado. Em 1937, junto com Frei Hildebrando Kruthaup, fundou o Círculo Operário da Bahia, financiado pela arrecadação dos cinemas Cine Roma, Cine Plataforma e Cine São Caetano.
Irmã Dulce faleceu em 13 de março de 1992, deixando um legado não apenas espiritual, mas também uma vasta gama de obras sociais. As raízes das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) datam de 1949, quando ela abrigou 70 doentes em um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio. Este ato humilde deu início ao Hospital Santo Antônio e à tradição que afirma que o maior hospital da Bahia nasceu em um galinheiro.
Atualmente, as OSID são uma das maiores instituições filantrópicas do Brasil e atendem cerca de 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano através do Sistema Único de Saúde (SUS). A organização oferece assistência a idosos, pessoas com deficiência e deformidades craniofaciais, usuários de substâncias psicoativas e crianças em situação de risco social.
Com 21 núcleos que atuam nas áreas de Saúde e Assistência Social, as Obras Sociais incluem o Hospital Santo Antônio, Centro Geriátrico e Hospital da Criança. Somente no Complexo Roma são realizados anualmente cerca de 2 milhões de procedimentos ambulatoriais.
Maria Rita Pontes é atualmente a Superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce. Ela descreve sua tia como uma pessoa alegre e abnegada que acordava às 5h da manhã para visitar doentes no hospital e resolver questões administrativas antes mesmo de sair para pedir doações. A oração era uma constante em sua rotina.
Irmã Dulce acreditava ver Cristo nas pessoas necessitadas que buscavam sua ajuda. Sua sobrinha relembra que ela tinha uma capacidade incrível para ouvir as pessoas com carinho e atenção.
O ano de 2019 foi inesquecível para as Obras Sociais com a canonização da Santa Dulce dos Pobres. Esse momento trouxe emoção e responsabilidade para todos os colaboradores da instituição. Desde então, o fluxo de visitantes aumentou significativamente devido ao turismo religioso na região.
Maria Rita acredita que essa visibilidade trará benefícios para a instituição e reforçará sua importância junto aos órgãos federais e municipais. A fé na Providência Divina sempre guiou o trabalho realizado por Irmã Dulce.
As Obras Sociais Irmã Dulce são um testemunho poderoso do amor ao próximo e da solidariedade humana. O legado deixado por Irmã Dulce continua vivo através das diversas iniciativas sociais que atendem os mais necessitados na Bahia. Sua história é uma inspiração que nos lembra da importância da compaixão e do serviço ao próximo.
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