O fim do mandato do prefeito Luciano Pinheiro em Euclides da Cunha será lembrado como um período turbulento, marcado por incertezas e investigações. A "mansão da corrupção", supostamente construída com recursos desviados de licitações, veio à tona com os documentos da Operação Graft, enquanto o prefeito e seus aliados enfrentam o temor de ações iminentes da PF, CGU e GAECO.
Os euclidenses, em vez de celebrarem conquistas, presenciam o desfecho de uma gestão que prometeu transformar a cidade, mas terminou afundada em escândalos e suspeitas. O governo Luciano encerra-se carregando o peso de oito anos de atraso, corrupção e omissão.
Entre os maiores fracassos do governo Luciano estão os escândalos na saúde pública. Pagamentos questionáveis e atrasos salariais prejudicaram médicos, enfermeiros e outros profissionais essenciais, comprometendo serviços vitais.
As "emendas Pix", que deveriam fortalecer o sistema de saúde, voltaram ao centro das polêmicas, enquanto recursos foram mal empregados em ações secundárias, como pintura de prédios e aluguel de veículos. Tudo isso agravou a situação da saúde, resultando, inclusive, em mortes que estão sob investigação.
A coleta de lixo também se tornou um símbolo do desleixo administrativo. A empresa ASCOCEDA gerou lucros para um seleto grupo, enquanto associados reclamavam de benefícios escassos. Acidentes envolvendo empresas contratadas pela prefeitura, como a J. Santana, permanecem sem respostas.
Outro caso revoltante foi o de um gari agredido com um taco de beisebol por um coordenador. Apesar da demissão do agressor, ele foi posteriormente vinculado à empresa favorita da gestão, revelando um sistema falho e irresponsável.
A educação não ficou imune às irregularidades. A merenda escolar foi alvo de denúncias de superfaturamento, com episódios como a "farra da carne de porco". Recursos destinados à melhoria das escolas foram desviados em práticas como a "farra do cimento" e a "farra das cadeiras".
Em relação as cadeiras, foi ajuizada ação popular em curso na Justiça Federal, em Feira de Santana.
A gestão Luciano também decepcionou na área social. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) opera em condições precárias em uma casa alugada de uma pessoa ligada a uma vereadora. A negligência com os mais vulneráveis contrasta com os milhões desviados para fins questionáveis.
O desamparo ficou evidente durante as festividades de fim de ano, quando a prefeitura não realizou nenhuma ação significativa para as famílias carentes, refletindo a falta de compromisso com o bem-estar da população.
O Natal de 2024 em Euclides da Cunha foi marcado pelo descaso. A decoração natalina foi instalada às pressas após provocações da CDL e utilizou material antigo, mas por valores próximos a um milhão de reais. Um momento que deveria unir a população tornou-se mais uma demonstração de desorganização e apatia.
Luciano deixa uma cidade mergulhada em problemas administrativos e financeiros. Com licitações fraudulentas, má gestão de recursos e falta de visão estratégica, sua administração é vista como um retrocesso para Euclides da Cunha.
A expectativa agora recai sobre Helder Macedo, que assumirá o mandato em 2025. Apesar de fazer parte do mesmo grupo político, a população espera que ele governe com independência, resgatando a credibilidade do poder público e priorizando o bem-estar coletivo.
Sem o foro privilegiado, Luciano Pinheiro enfrentará a justiça em primeira instância, o que pode acelerar processos de corrupção, desvio de recursos e improbidade administrativa. Entre os casos mais graves estão os investigados pelas operações Graft e Overclean.
A aplicação da Lei da Ficha Limpa pode torná-lo inelegível por oito anos, inviabilizando uma possível candidatura a deputado estadual. Além disso, os avanços das ações judiciais tendem a expor ainda mais os erros de sua gestão, dificultando o resgate de sua credibilidade política.
Caso confirmadas as condenações, Luciano poderá se afastar da vida pública, simbolizando o fim de uma era marcada por escândalos e a necessidade de renovação nas lideranças de Euclides da Cunha.
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