A presença do crime organizado em escolas de Salvador tem se tornado uma preocupação crescente para educadores, alunos e autoridades de segurança pública. Facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), não apenas exercem controle sobre as comunidades onde atuam, mas também impõem sua influência dentro das instituições de ensino. Relatos indicam que traficantes monitoram a atuação da Ronda Escolar e, em alguns casos, chegam a telefonar para gestores e professores questionando a presença da polícia. A prática tem gerado medo entre os profissionais da educação e comprometido o trabalho das forças de segurança.
Educadores de escolas localizadas em bairros dominados pelo tráfico afirmam que qualquer movimentação policial é percebida pelos criminosos, que rapidamente entram em contato para exigir explicações. Esse nível de vigilância demonstra o poder das facções sobre a rotina escolar e reforça a intimidação exercida sobre a comunidade acadêmica.
Além da vigilância sobre a Ronda Escolar, facções instituíram "tribunais" para resolver conflitos entre alunos. Recentemente, duas estudantes foram convocadas a prestar esclarecimentos a traficantes após uma briga dentro da escola. Essa prática impõe um regime paralelo de "justiça" e disciplina, onde a decisão sobre punições e consequências é tomada por criminosos, e não pelas autoridades educacionais ou responsáveis legais. Para muitos alunos, essa situação representa uma ameaça direta à sua liberdade e segurança, tornando a escola um ambiente ainda mais hostil e perigoso.
A atuação das facções dentro das escolas não se limita ao monitoramento policial ou à imposição de regras disciplinares. Há relatos de coerção para que jovens ingressem no tráfico e de ameaças diretas a professores que tentam impor normas ou denunciar situações de violência. O medo de represálias faz com que muitos profissionais evitem qualquer confronto com alunos ligados ao crime, o que compromete a autoridade pedagógica e enfraquece o ambiente escolar como espaço de aprendizado e formação cidadã.
Especialistas em segurança pública alertam para a necessidade de estratégias mais eficazes de combate à influência do crime organizado nas escolas. O fortalecimento da presença policial, aliado a políticas educacionais que ofereçam proteção e apoio psicológico para alunos e professores, pode ser um caminho para minimizar os impactos dessa realidade. No entanto, enquanto as facções continuarem a atuar com impunidade e controle sobre as comunidades, a escola permanecerá como um reflexo dessa crise de segurança pública que atinge Salvador e outras cidades do Brasil.
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