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O animal mais resistente do planeta é um ser microscópico chamado tardígrado

Extremófilos microscópicos que desafiam os limites da via, capazes de sobreviver ao vácuo do espaço, à radiação e a temperaturas extremas, os tardígrados revelam segredos fundamentais sobre a resistência biológica

16/04/2025 às 00h36
Por: MARCELO NOBRE Fonte: REDAÇÃO
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Imagem Ilustrativa
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Os tardígrados, também conhecidos como ursos-d’água, são microanimais invertebrados pertencentes ao filo Tardigrada. Medindo entre 0,1 mm e 1,5 mm, esses seres microscópicos habitam ambientes úmidos como musgos, líquens, sedimentos marinhos, solos e até fontes termais. Apesar de sua aparência inofensiva, essas criaturas escondem uma das mais fascinantes capacidades de adaptação do reino animal: a habilidade de sobreviver a condições que seriam letais para quase qualquer outra forma de vida.

Morfologia e estrutura corporal

O corpo do tardígrado é segmentado e apresenta oito patas com garras, o que contribui para seu nome popular, já que lembra vagamente um pequeno urso ao microscópio. A cutícula externa é composta por quitina, e seu sistema digestivo é completo, apesar da ausência de sistemas circulatório e respiratório complexos. A respiração ocorre por difusão direta através da pele.

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Criptobiose: o segredo da sobrevivência extrema

A principal razão para a fama dos tardígrados é sua capacidade de entrar em um estado chamado criptobiose, no qual o metabolismo é praticamente suspenso. Nesse estado, eles perdem quase toda a água corporal, encolhem e se tornam praticamente inertes, formando uma estrutura chamada “tun”. Nessa forma, podem resistir a:

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  • Temperaturas extremas, de quase -273°C até mais de 150°C;
  • Pressões altíssimas, superiores às das fossas oceânicas;
  • Altos níveis de radiação ionizante;
  • Falta de oxigênio;
  • Vácuo do espaço sideral, conforme comprovado em experimentos fora da Estação Espacial Internacional.

Quando as condições ambientais voltam ao normal, o tardígrado reidrata e retoma suas funções vitais como se nada tivesse acontecido.

Genética e proteção celular

Estudos recentes revelaram que os tardígrados possuem proteínas únicas, como a Dsup (Damage suppressor), que protege o DNA contra os danos provocados por radiação e oxidação. Essas proteínas despertam interesse científico para aplicações biomédicas, como proteção de células humanas em ambientes de alta radiação — por exemplo, em tratamentos contra câncer ou em viagens espaciais prolongadas.

Reprodução

Os tardígrados se reproduzem de forma sexuada ou assexuada (partenogênese), dependendo da espécie. Os ovos são muitas vezes ornamentados e depositados na cutícula da fêmea, sendo liberados durante a muda. O desenvolvimento pode ser direto, sem fase larval.

Importância científica

Devido à sua resistência e simplicidade estrutural, os tardígrados são utilizados em pesquisas de astrobiologia, biotecnologia, genética e fisiologia. Representam um modelo ideal para estudar os limites da vida na Terra e a possibilidade de existência de vida em outros planetas.

Além disso, sua resiliência extrema inspira estudos sobre preservação de tecidos, criogenia e engenharia genética, abrindo caminhos para avanços em diversas áreas da ciência.

Conclusão

Os tardígrados são exemplos extraordinários da diversidade e da adaptabilidade da vida. Mesmo com seu tamanho diminuto, têm ensinado à ciência lições gigantescas sobre como a vida pode persistir nos ambientes mais hostis do universo conhecido. Enquanto pesquisas continuam a desvendar seus mistérios moleculares e evolutivos, os ursos-d’água continuam a nos fascinar — e a redefinir o que consideramos necessário para a sobrevivência biológica.

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