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O perigo invisível de roer unhas

Hábito aparentemente inofensivo causou infecção grave, AVC e quase tirou a vida de um jovem influenciador

09/05/2025 às 22h49
Por: MARCELO NOBRE Fonte: REDAÇÃO
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Foto: Reprodução / Redes Sociais
Foto: Reprodução / Redes Sociais

Onicofagia: quando o hábito se torna um risco à vida

Roer as unhas pode parecer algo inofensivo, muitas vezes associado ao tédio, à ansiedade ou ao estresse. O que muitos não sabem é que esse comportamento, chamado onicofagia, pode ser o gatilho para complicações de saúde sérias, algumas até fatais. Um exemplo recente e alarmante é o do influenciador peruano Mario Colomina, de 20 anos, que teve um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca após contrair uma infecção bacteriana provocada justamente por roer as unhas.

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Mario começou a apresentar sintomas como febre, cansaço e dores pelo corpo — que ele confundiu inicialmente com uma gripe comum. No entanto, rapidamente os sintomas evoluíram: ele perdeu a sensibilidade e o controle da perna esquerda, sendo levado ao hospital em estado grave. Os exames revelaram que ele havia contraído uma infecção bacteriana que atacou diretamente o coração, comprometendo a válvula mitral, e provocou múltiplas embolias, inclusive no cérebro. O caso exigiu uma cirurgia cardíaca de emergência para substituir a válvula infectada.

Como isso acontece?

O ato de roer as unhas causa pequenas feridas e cortes na pele ao redor das unhas. Essas aberturas, por menores que sejam, servem como porta de entrada para bactérias, fungos e vírus presentes nas mãos, na boca ou no ambiente. No caso de Mario, a infecção foi causada pela Staphylococcus aureus, uma bactéria comum na pele humana, mas que, quando entra na corrente sanguínea, pode provocar endocardite bacteriana — uma infecção grave no revestimento interno do coração.

Essa bactéria é extremamente perigosa quando encontra um caminho para o interior do organismo, podendo se alojar em órgãos vitais, como o coração, rins, pulmões e cérebro. Em muitos casos, o quadro evolui rapidamente, levando a septicemia, AVCs sépticos (causados por coágulos infectados) e até à morte.

Outras consequências de roer unhas

Além do risco de infecções sistêmicas, a onicofagia pode causar:

Infecções locais: como panarício (inchaço doloroso e purulento ao redor das unhas), que pode exigir drenagem e uso de antibióticos.

Problemas dentários: desgaste dos dentes, desalinhamento da arcada dentária, retração gengival e até fraturas.

Distúrbios gastrointestinais: ao engolir bactérias presentes nas unhas, a pessoa se expõe a possíveis infecções intestinais.

Deformações nas unhas: o crescimento das unhas pode ser permanentemente prejudicado, causando irregularidades.

Contaminações cruzadas: as unhas acumulam sujeira, fungos e microrganismos — inclusive ovos de vermes intestinais, como o oxiúro, principalmente em crianças.

Um hábito associado a transtornos psicológicos

A onicofagia não é apenas um vício comportamental — ela está associada a condições emocionais e psicológicas. É classificada, em casos mais graves, como um tipo de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Pessoas com quadros de ansiedade, estresse crônico, baixa autoestima, ou tédio constante costumam recorrer ao ato de roer unhas como uma válvula de escape.

Crianças, adolescentes e adultos podem desenvolver esse hábito de forma inconsciente, e quanto mais tempo ele persiste, mais difícil se torna abandoná-lo. Há casos em que a onicofagia intensa exige acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.

Como parar de roer unhas?

Abandonar o hábito exige disciplina e, muitas vezes, auxílio profissional. Algumas estratégias eficazes incluem:

Identificar os gatilhos: perceber em que situações a pessoa sente vontade de roer as unhas (estresse, ansiedade, tédio) e tentar evitá-las ou controlá-las.

Terapia comportamental: psicólogos podem ajudar a modificar padrões de comportamento compulsivo.

Manter as unhas bem cuidadas: unhas cortadas, limpas e, no caso de mulheres, com esmalte ou unhas postiças, ajudam a desestimular o hábito.

Uso de produtos com gosto amargo: existem esmaltes específicos com gosto ruim para desencorajar o ato.

Ocupar as mãos e a boca: bolas antiestresse, mastigar chicletes ou carregar algo nas mãos pode ajudar a redirecionar o impulso.

Quando o hábito vira alerta médico

Se a pessoa notar sinais como vermelhidão intensa ao redor das unhas, dor local, inchaço, febre, ou mal-estar persistente, é fundamental procurar ajuda médica. Esses podem ser sinais de infecção local ou sistêmica.

O caso de Mario Colomina é um exemplo extremo, mas real, dos perigos de um hábito que ainda é tratado com descaso por muitos. Ele sobreviveu após uma cirurgia de grande porte, mas ainda se recupera das sequelas de um AVC. Em depoimentos recentes, ele contou que continua lutando para abandonar o vício, agora com mais consciência do risco que representa.

Conclusão

Roer unhas é mais do que um mau hábito: é uma porta aberta para infecções e complicações de saúde que, em casos extremos, podem ser fatais. A onicofagia deve ser levada a sério, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Se você ou alguém próximo sofre com isso, busque apoio — sua saúde pode depender disso.

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