O reggae, originário da Jamaica, encontrou solo fértil na Bahia, especialmente a partir do final da década de 1970, quando começou a ser tocado em bailes, feiras e ensaios de blocos afro em Salvador. Esse movimento coincidiu com o crescimento da consciência negra e a busca por raízes ancestrais, estabelecendo uma ponte musical entre a Bahia e a Jamaica.
A presença de artistas como Jimmy Cliff, que se apresentou na Fonte Nova em 1980 ao lado de Gilberto Gil, e posteriormente participou do Festival de Música e Arte Olodum (Femadum), consolidou a influência do reggae na cultura baiana. Cliff também teve uma filha baiana, a cantora e atriz Nabiyah Be, fruto de sua relação com a psicóloga Sônia Gomes.
O Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, tornou-se um dos principais palcos de difusão do reggae, contribuindo para o surgimento e ascensão de diversos artistas do gênero. Nomes como Sine Calmon, Dionorina e Edson Gomes levaram o ritmo às ruas, com letras que abordam temas sociais e de resistência.
Além disso, a fusão do reggae com o samba deu origem ao samba-reggae, gênero criado por Neguinho do Samba e difundido por grupos como o Olodum. Essa mistura rítmica fortaleceu ainda mais a identidade musical baiana e projetou o som da Bahia para o mundo.
Apesar de sua importância cultural, o reggae na Bahia enfrenta desafios, como a falta de reconhecimento institucional e investimentos em infraestrutura. Projetos de lei, como o proposto pela deputada Olívia Santana, buscam instituir o Dia Estadual do Reggae em 11 de maio, data que marca a morte de Bob Marley, visando promover e preservar essa expressão cultural.
O reggae baiano, portanto, é mais do que um gênero musical; é uma manifestação de identidade, resistência e celebração da cultura afrodescendente, que continua a pulsar nas ruas e corações da Bahia.
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