Os anfíbios formam um grupo de vertebrados que inclui rãs, sapos, pererecas, salamandras e cecílias (ou cobras-cegas). Sua principal característica é a vida dividida entre dois ambientes: a água e a terra. Sua pele permeável, reprodução aquática e metamorfose são apenas algumas das fascinantes adaptações que os tornam únicos no reino animal.
Esses três animais muitas vezes são confundidos, mas há diferenças claras. As rãs vivem próximas à água, têm pele lisa, dedos longos e corpo adaptado à natação. As pererecas possuem discos adesivos nos dedos, permitindo que escalem árvores e paredes — uma adaptação à vida arborícola. Os sapos, por sua vez, são mais terrestres, com pele áspera e glândulas que liberam toxinas como mecanismo de defesa.
Os anfíbios se destacam por sua diversidade reprodutiva: já foram catalogadas 39 maneiras diferentes de reprodução, que incluem desde ovos depositados na água até espécies que desenvolvem os filhotes dentro do corpo da mãe. Há machos que carregam os ovos nas costas, nas patas traseiras e até mesmo na boca.
Durante o acasalamento, os machos de rãs entram em um estado de excitação tão intenso que muitas vezes tentam cruzar com qualquer objeto que se mova — ou nem isso. Há registros de acasalamentos com pedras, pedaços de madeira e até sapatos.
Uma fêmea de rã pode colocar entre 600 e 10 mil ovos por ano, geralmente em ambientes aquáticos. Os ovos eclodem em poucos dias, dando origem a girinos — larvas aquáticas com cauda, que posteriormente sofrem metamorfose e se tornam adultos.
Muito comum na Europa, a rã verde (Pelophylax kl. esculentus) é conhecida por sua fertilidade (até 10 mil ovos por ano) e facilidade de captura. À noite, quando iluminada por uma lanterna, permanece imóvel. Por isso, é frequentemente criada em cativeiro para fins científicos e até gastronômicos.
Com patas traseiras longas, a rã ágil (Rana dalmatina) pode dar saltos de até 2 metros de altura. Ela hiberna durante o inverno, enterrando-se no lodo, e só reaparece na primavera para se reproduzir.
Na África, vive uma das menores espécies de rã do mundo, medindo apenas 10 a 12 mm de comprimento. Apesar do tamanho diminuto, ela se alimenta de pequenos insetos e participa ativamente do equilíbrio ecológico local.
A rã voadora (Rhacophorus sp.) possui membranas entre os dedos que funcionam como uma espécie de paraquedas natural. Ao saltar de árvores, ela abre os dedos e plana suavemente até o chão, o que a ajuda a escapar de predadores e se locomover entre copas.
A salamandra siberiana (Hynobius keyserlingii) é um verdadeiro milagre da natureza: suporta temperaturas extremas de -20°C a -30°C, entrando em estado de dormência profunda até que o calor retorne. Ela é um exemplo de adaptação extrema entre vertebrados.
Os primeiros anfíbios surgiram há cerca de 370 milhões de anos, durante o Período Devoniano, quando os peixes começaram a desenvolver pulmões e membros para sobreviver fora da água. Eles foram os primeiros vertebrados a conquistar o ambiente terrestre e são os ancestrais de todos os répteis, aves e mamíferos.
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