Divaldo Pereira Franco, um dos mais importantes nomes do espiritismo no mundo, faleceu na noite de 13 de maio de 2025, aos 98 anos, em Salvador (BA), por falência múltipla dos órgãos. Ele enfrentava um câncer de bexiga desde novembro de 2024. Com sua partida, o Brasil e o movimento espírita internacional se despedem de um verdadeiro missionário da paz, da caridade e do amor ao próximo.
Natural de Feira de Santana, Divaldo nasceu em 5 de maio de 1927 e, desde muito cedo, demonstrava sensibilidade espiritual. Ainda jovem, enfrentou experiências dolorosas — perdeu 13 irmãos e, aos 17 anos, foi acometido por uma profunda crise existencial. Foi nesse contexto que se aproximou do espiritismo, o que transformaria por completo sua vida.
Em 1952, ao lado de Nilson de Souza Pereira, fundou a Mansão do Caminho, obra social localizada no bairro de Pau da Lima, em Salvador. O centro abriga até hoje mais de 3 mil crianças e adolescentes, oferecendo assistência médica, psicológica, escolar e espiritual. A Mansão tornou-se referência em acolhimento e formação humanística, sendo considerada uma das maiores iniciativas filantrópicas do país. Mais de 40 mil jovens já passaram por suas salas de aula.
Além de educador e orador, Divaldo foi médium de grande projeção. Psicografou mais de 260 livros, creditando a autoria espiritual a nomes como Joanna de Ângelis, Bezerra de Menezes e Manoel Philomeno de Miranda. Suas obras venderam milhões de exemplares, foram traduzidas para mais de 17 idiomas e os direitos autorais foram integralmente destinados a projetos sociais.
Suas conferências, realizadas em mais de 70 países, emocionaram multidões. Ele falava de temas profundos com simplicidade e sabedoria: reencarnação, amor, perdão, evangelho, suicídio, aborto, mediunidade, juventude e relações familiares. Em 2005, discursou na sede da ONU em Nova York, sendo aplaudido por lideranças de diversas religiões do mundo inteiro. Recebeu centenas de homenagens, entre elas o título de Embaixador da Paz da ONU e a Comenda da Ordem do Mérito da Bahia.
Mesmo com fama internacional, Divaldo manteve-se humilde. Dormia poucas horas por noite, fazia longas viagens de ônibus pelo interior do país, e passava madrugadas respondendo cartas de pessoas aflitas. Era conhecido por sua escuta generosa, sua memória impressionante e por saber os nomes de centenas de crianças que ajudava pessoalmente.
Nos últimos anos, mesmo com a saúde debilitada, seguiu trabalhando e fazendo palestras. Seu último pronunciamento público foi em janeiro de 2025, em Salvador, quando falou sobre o perdão como ferramenta de cura para o mundo.
O velório será realizado nesta quarta-feira (14), das 9h às 20h, no ginásio da Mansão do Caminho, local sagrado para milhares de pessoas que foram acolhidas por suas mãos e palavras. O sepultamento está marcado para quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, também em Salvador.
Divaldo parte serenamente, como viveu, com fé inabalável e coração entregue ao bem. Seu legado é imensurável: não apenas pelos livros, pelas palestras ou pelas casas assistenciais que ajudou a erguer, mas pela transformação silenciosa que causou na alma de milhões.
Ele dizia: “O amor é a força mais poderosa do universo. Quem ama, serve. Quem serve, vive para sempre.”
E é assim que o Brasil se despede de Divaldo Franco: com lágrimas nos olhos, mas com a certeza de que ele vive eternamente nas obras que plantou e nos corações que tocou.
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