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O ouro escondido no coração da Terra: nova pesquisa revela que o metal precioso está migrando do núcleo para a superfície

Descoberta científica desafia teorias antigas e revela que o núcleo da Terra pode estar contribuindo ativamente para o surgimento de metais preciosos na crosta terrestre; entenda como isso acontece, o impacto para a geologia e o que muda para o futuro da mineração

02/06/2025 às 22h47
Por: MARCELO NOBRE Fonte: REDAÇÃO
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Estudo aponta que parte do ouro no núcleo da Terra escapou para a superfície • M. Zoeller/USGS
Estudo aponta que parte do ouro no núcleo da Terra escapou para a superfície • M. Zoeller/USGS

Um estudo recente publicado por pesquisadores internacionais está mudando a forma como a ciência entende a origem dos metais preciosos na crosta terrestre — entre eles, o ouro, um dos elementos mais cobiçados pela humanidade. De acordo com os cientistas, há evidências de que o núcleo da Terra, composto majoritariamente por ferro e níquel, está liberando ouro e outros metais pesados para camadas superiores do planeta ao longo de milhões de anos.

Essa migração natural, antes considerada improvável, foi identificada por meio de simulações laboratoriais de alta pressão que reproduzem as condições extremas encontradas no manto terrestre — a camada que separa o núcleo da crosta. Nessas simulações, os pesquisadores observaram que certos compostos metálicos, sob pressão e temperatura extremas, conseguem se dissolver em fluidos supercríticos e migrar em direção à crosta terrestre, onde se resfriam e se acumulam em formações geológicas chamadas depósitos minerais.

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A viagem do ouro: do núcleo ao solo

O núcleo da Terra, localizado a mais de 2.900 quilômetros de profundidade, sempre foi considerado inacessível e isolado da crosta. Porém, a nova teoria sugere que existem caminhos geológicos, como fissuras causadas por movimentações tectônicas ou canais criados por atividade magmática, que permitem que materiais do núcleo profundo ascendam lentamente, misturando-se ao magma e eventualmente alcançando a superfície através de erupções vulcânicas ou movimentos do manto.

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Esse processo ocorre ao longo de centenas de milhões de anos, mas já seria suficiente para explicar as grandes concentrações de ouro encontradas em certas regiões do planeta, como na África do Sul, Austrália e Brasil. Até agora, a origem desses depósitos era atribuída exclusivamente a processos superficiais, como reações químicas no manto superior ou formação por resfriamento do magma. A ideia de que parte desse ouro pode vir diretamente do núcleo do planeta abre uma nova fronteira na compreensão geológica.

Implicações para a ciência e para a mineração

Apesar de não representar uma solução mágica para o aumento da oferta de ouro no mercado, a descoberta tem grande valor científico e estratégico. Compreender como esses metais migram dentro da Terra pode ajudar geólogos a prever onde os depósitos minerais mais ricos estão localizados, permitindo uma mineração mais precisa e com menor impacto ambiental.

Além disso, a descoberta também contribui para teorias sobre a formação primitiva da Terra e a distribuição dos elementos químicos no planeta, fornecendo subsídios para explicar a abundância de metais em determinadas regiões e a escassez em outras.

O papel dos vulcões e da tectônica

A pesquisa reforça ainda mais a importância dos vulcões e da atividade tectônica como motores de redistribuição de minerais. Ao transportarem magma das profundezas do manto, esses fenômenos naturais agem como condutores geológicos, permitindo que substâncias antes aprisionadas a milhares de quilômetros de profundidade se tornem acessíveis na crosta. Em algumas erupções antigas, os geólogos encontraram traços de metais pesados que indicam origem profunda, o que corrobora a teoria de migração vinda do núcleo.

O futuro da pesquisa

Os cientistas alertam que ainda há muito a ser estudado. As simulações laboratoriais são apenas uma aproximação do que ocorre em escala planetária, e novas tecnologias de observação geofísica serão essenciais para confirmar essa migração em campo. Contudo, a hipótese já vem sendo bem recebida na comunidade científica e pode redefinir a maneira como se pensa a formação da crosta terrestre, os ciclos dos elementos e até mesmo o valor geopolítico de regiões ricas em metais.

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