Em menos de uma semana, dois adolescentes brasileiros perderam a vida afogados no Rio Douro, em Portugal, acendendo o alerta sobre a segurança de jovens turistas e estudantes em regiões ribeirinhas do país. As tragédias aconteceram em dias distintos, mas em circunstâncias parecidas: saltos em áreas conhecidas por desafios arriscados e pouca fiscalização.
O primeiro caso ocorreu na quarta-feira (28), em Gondomar, cidade vizinha ao Porto. Rhuan Nano, de 17 anos, natural de Pojuca, na Bahia, teria pulado do cais de Gramido, em Valbom, e se afogado pouco depois. As buscas pelas autoridades portuguesas duraram horas até que o corpo do jovem foi localizado. O funeral aconteceu no último sábado (1º) e comoveu tanto a comunidade escolar quanto moradores da região.
Dois dias depois, na sexta-feira (30), outro jovem brasileiro morreu em situação semelhante. Heitor Silva, também de 17 anos, desapareceu após pular da famosa Ponte Luís I, no Porto, durante uma visita de estudo com colegas de escola da cidade de Gaia. Testemunhas relataram que o salto foi motivado por um desafio, comum entre adolescentes locais, que se jogam do tabuleiro inferior da ponte em troca de dinheiro. Heitor foi o terceiro a pular e estava vestido com roupas completas, o que pode ter dificultado seu retorno à superfície. Um amigo tentou resgatá-lo, mas não teve sucesso. Até a madrugada desta terça-feira, o corpo de Heitor ainda não havia sido encontrado, apesar das buscas cobrirem uma faixa de 13 quilômetros do rio.
Esses dois casos se somam a outras tragédias recentes em Portugal. Também nesta semana, duas jovens angolanas se afogaram na cidade de Leiria, no centro do país, totalizando quatro mortes de jovens estrangeiros em apenas alguns dias. Os acontecimentos têm gerado comoção e levantado um debate sobre segurança pública, especialmente em áreas frequentadas por turistas, estudantes e comunidades migrantes.
A imprensa portuguesa e internacional tem dado ampla cobertura aos casos, e o consulado brasileiro em Lisboa reforçou o apelo por mais conscientização. Além das campanhas já existentes — como o “violentômetro”, voltado à proteção de brasileiras no país — instituições vêm alertando para o crescimento de episódios de racismo, xenofobia e negligência institucional, o que contribui para um sentimento de vulnerabilidade entre jovens expatriados.
Especialistas em segurança e educação defendem medidas urgentes para prevenção de acidentes. Entre as sugestões, estão a instalação de placas de advertência em pontos turísticos, maior fiscalização em locais de risco e a responsabilidade das escolas em orientar os estudantes durante visitas de campo. Também reforçam a importância de campanhas voltadas aos jovens, alertando sobre os perigos de desafios e comportamentos impulsivos próximos a rios e pontes.
As buscas por Heitor continuam, e a dor das famílias de Rhuan e Heitor ressoa tanto no Brasil quanto em Portugal, como símbolo de perdas que poderiam ter sido evitadas com mais orientação, fiscalização e empatia.
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