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Celular no sutiã causa câncer de mama? Entenda o que diz a ciência

Especialistas esclarecem o que é mito e o que é verdade sobre os possíveis riscos do hábito de guardar o celular no sutiã. Saiba se isso realmente faz mal à saúde

19/06/2025 às 08h46
Por: MARCELO NOBRE Fonte: REDAÇÃO
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Foto: Reprodução / Redes Sociais
Foto: Reprodução / Redes Sociais

A popularização dos smartphones trouxe não só praticidade, mas também dúvidas e preocupações sobre os possíveis impactos da radiação emitida pelos aparelhos na saúde. Uma das dúvidas que frequentemente circulam, principalmente nas redes sociais, é se carregar o celular dentro do sutiã pode aumentar o risco de câncer de mama.

Essa preocupação não é recente, mas voltou a ganhar força. Mas será que existe algum embasamento científico que justifique esse medo? A resposta da comunidade médica e científica é clara: não há qualquer comprovação de que o uso do celular no sutiã provoque câncer de mama ou qualquer outro tipo de tumor.

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Diversos estudos ao longo das últimas décadas investigaram os possíveis efeitos da radiação emitida pelos celulares no corpo humano. Até o momento, nenhum deles conseguiu estabelecer uma relação direta e comprovada entre o uso do celular — seja no bolso, no sutiã ou próximo ao corpo — e o desenvolvimento de câncer.

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A radiação emitida pelos smartphones é classificada como radiação não ionizante, do tipo radiofrequência, semelhante à emitida por roteadores Wi-Fi, micro-ondas e antenas de rádio. Esse tipo de radiação não tem energia suficiente para quebrar ligações químicas nas células ou danificar o DNA, que é um dos processos necessários para o surgimento de tumores.

Estudos como o Interphone, conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 1999 e 2010, e outros mais recentes realizados pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, reforçam que não há evidências consistentes de que a exposição cotidiana às ondas de celulares cause câncer, seja na mama, cérebro ou qualquer outro órgão.

A origem desse temor vem de alguns relatos isolados, como um estudo publicado em 2013 que observou quatro casos de mulheres com câncer de mama que costumavam guardar o celular no sutiã por longos períodos diariamente. No entanto, o próprio estudo reconhece que esses casos são insuficientes para estabelecer qualquer tipo de relação causal, já que não houve comparação com mulheres na mesma condição que não desenvolveram a doença.

A partir daí, as informações foram se espalhando, muitas vezes sem a devida checagem científica, o que contribuiu para o fortalecimento do mito.

Instituições de saúde de referência, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), são categóricas ao afirmar que não existe nenhuma evidência científica que comprove que guardar o celular no sutiã, no bolso da calça ou próximo ao corpo cause câncer de mama ou qualquer outro tipo de tumor.

A mastologista Dra. Martha Marsillac explica que "a radiação emitida pelos celulares é de baixa energia e não é capaz de alterar o DNA das células. Por isso, não há relação com a formação de tumores".

Embora o risco de câncer não esteja associado, carregar o celular muito próximo à pele pode gerar outros desconfortos, como:

Aumento da temperatura local, gerando sensação de calor ou desconforto;

Irritações na pele em casos de contato prolongado;

Risco físico em quedas ou acidentes, já que o aparelho pode pressionar ou machucar a região.

Além disso, fabricantes de celulares geralmente recomendam, em seus manuais, que o aparelho seja utilizado com uma distância mínima do corpo, por questões de segurança relacionadas à emissão de radiofrequência dentro dos limites estabelecidos pelas agências reguladoras, como a Anatel no Brasil e a FCC nos Estados Unidos.

Mesmo sem risco comprovado de câncer, é possível adotar alguns hábitos para usar o celular com mais segurança e conforto:

Evite guardar o celular em contato direto com a pele por longos períodos;

Prefira bolsos externos, bolsas ou suportes próprios;

Utilize fones de ouvido durante chamadas longas;

Ative o modo avião quando não estiver usando o aparelho, principalmente durante o sono;

Siga sempre as recomendações do manual do fabricante.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Mastologia, os fatores comprovadamente relacionados ao aumento do risco de câncer de mama são:

Histórico familiar da doença;

Obesidade e sedentarismo;

Consumo excessivo de álcool;

Tabagismo;

Primeira menstruação muito cedo ou menopausa tardia;

Ter filhos após os 30 anos ou não ter filhos;

Uso prolongado de reposição hormonal sem acompanhamento médico.

Portanto, manter uma rotina saudável, realizar exames periódicos, mamografias e acompanhamento médico regular são as melhores formas de prevenção.

Não existe nenhuma evidência científica de que carregar o celular no sutiã cause câncer de mama. A radiação emitida pelos smartphones é de baixa frequência, não ionizante, e não possui energia suficiente para provocar alterações no DNA das células humanas.

Portanto, é importante combater esse tipo de desinformação, focar na prevenção com hábitos saudáveis e confiar nas informações provenientes de fontes científicas e médicas confiáveis.

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