A popularização dos smartphones trouxe não só praticidade, mas também dúvidas e preocupações sobre os possíveis impactos da radiação emitida pelos aparelhos na saúde. Uma das dúvidas que frequentemente circulam, principalmente nas redes sociais, é se carregar o celular dentro do sutiã pode aumentar o risco de câncer de mama.
Essa preocupação não é recente, mas voltou a ganhar força. Mas será que existe algum embasamento científico que justifique esse medo? A resposta da comunidade médica e científica é clara: não há qualquer comprovação de que o uso do celular no sutiã provoque câncer de mama ou qualquer outro tipo de tumor.
Diversos estudos ao longo das últimas décadas investigaram os possíveis efeitos da radiação emitida pelos celulares no corpo humano. Até o momento, nenhum deles conseguiu estabelecer uma relação direta e comprovada entre o uso do celular — seja no bolso, no sutiã ou próximo ao corpo — e o desenvolvimento de câncer.
A radiação emitida pelos smartphones é classificada como radiação não ionizante, do tipo radiofrequência, semelhante à emitida por roteadores Wi-Fi, micro-ondas e antenas de rádio. Esse tipo de radiação não tem energia suficiente para quebrar ligações químicas nas células ou danificar o DNA, que é um dos processos necessários para o surgimento de tumores.
Estudos como o Interphone, conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 1999 e 2010, e outros mais recentes realizados pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, reforçam que não há evidências consistentes de que a exposição cotidiana às ondas de celulares cause câncer, seja na mama, cérebro ou qualquer outro órgão.
A origem desse temor vem de alguns relatos isolados, como um estudo publicado em 2013 que observou quatro casos de mulheres com câncer de mama que costumavam guardar o celular no sutiã por longos períodos diariamente. No entanto, o próprio estudo reconhece que esses casos são insuficientes para estabelecer qualquer tipo de relação causal, já que não houve comparação com mulheres na mesma condição que não desenvolveram a doença.
A partir daí, as informações foram se espalhando, muitas vezes sem a devida checagem científica, o que contribuiu para o fortalecimento do mito.
Instituições de saúde de referência, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), são categóricas ao afirmar que não existe nenhuma evidência científica que comprove que guardar o celular no sutiã, no bolso da calça ou próximo ao corpo cause câncer de mama ou qualquer outro tipo de tumor.
A mastologista Dra. Martha Marsillac explica que "a radiação emitida pelos celulares é de baixa energia e não é capaz de alterar o DNA das células. Por isso, não há relação com a formação de tumores".
Embora o risco de câncer não esteja associado, carregar o celular muito próximo à pele pode gerar outros desconfortos, como:
Aumento da temperatura local, gerando sensação de calor ou desconforto;
Irritações na pele em casos de contato prolongado;
Risco físico em quedas ou acidentes, já que o aparelho pode pressionar ou machucar a região.
Além disso, fabricantes de celulares geralmente recomendam, em seus manuais, que o aparelho seja utilizado com uma distância mínima do corpo, por questões de segurança relacionadas à emissão de radiofrequência dentro dos limites estabelecidos pelas agências reguladoras, como a Anatel no Brasil e a FCC nos Estados Unidos.
Mesmo sem risco comprovado de câncer, é possível adotar alguns hábitos para usar o celular com mais segurança e conforto:
Evite guardar o celular em contato direto com a pele por longos períodos;
Prefira bolsos externos, bolsas ou suportes próprios;
Utilize fones de ouvido durante chamadas longas;
Ative o modo avião quando não estiver usando o aparelho, principalmente durante o sono;
Siga sempre as recomendações do manual do fabricante.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de Mastologia, os fatores comprovadamente relacionados ao aumento do risco de câncer de mama são:
Histórico familiar da doença;
Obesidade e sedentarismo;
Consumo excessivo de álcool;
Tabagismo;
Primeira menstruação muito cedo ou menopausa tardia;
Ter filhos após os 30 anos ou não ter filhos;
Uso prolongado de reposição hormonal sem acompanhamento médico.
Portanto, manter uma rotina saudável, realizar exames periódicos, mamografias e acompanhamento médico regular são as melhores formas de prevenção.
Não existe nenhuma evidência científica de que carregar o celular no sutiã cause câncer de mama. A radiação emitida pelos smartphones é de baixa frequência, não ionizante, e não possui energia suficiente para provocar alterações no DNA das células humanas.
Portanto, é importante combater esse tipo de desinformação, focar na prevenção com hábitos saudáveis e confiar nas informações provenientes de fontes científicas e médicas confiáveis.
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