A Shineray Phoenix 50 ficou famosa no Brasil por ser uma suposta moto que não exige CNH, uma porta de entrada barata e econômica para o mundo das duas rodas. Com um preço de mercado em torno de R$ 6.000 para um modelo 2022 em bom estado, ela atrai quem busca uma solução simples para a mobilidade urbana. A promessa de um veículosem burocracia e com consumo baixíssimo, no entanto, esconde uma realidade legal e técnica bem mais complexa.
O fato é que, sim, é preciso ter habilitação para pilotá-la. Além disso, o ciclomotor tem as mesmas obrigações de qualquer outra motocicleta, como emplacamento e pagamento de IPVA. Este guia definitivo vai desmistificar a Phoenix 50, revelando seus verdadeiros custos, seu desempenho real e se sua boa fama de “indestrutível” é suficiente para superar os conhecidos problemas de pós-venda da marca.
O maior erro em relação à Phoenix 50 é acreditar que ela pode ser pilotada sem nenhum tipo de habilitação. A legislação brasileira é clara e, segundo a Resolução CONTRAN nº 996/2023, para conduzir um ciclomotor de até 50cc, o condutor precisa ter uma de duas opções:
Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC): uma habilitação específica e mais simples, restrita apenas a este tipo de veículo.
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) categoria A: a mesma habilitação para motos de qualquer cilindrada, que também permite pilotar ciclomotores.
Além da habilitação, a Phoenix 50 está sujeita a todas as outras regras. É obrigatório realizar o emplacamento e o licenciamento anual, bem como pagar o IPVA. O uso de capacete também é indispensável. A ideia de que ela é uma moto que não exige CNH ou outras burocracias é um mito que pode resultar em multas pesadas e na apreensão do veículo.
A Phoenix 50 foi projetada para um propósito bem definido: deslocamentos urbanos curtos e de baixa velocidade. Seu motor monocilíndrico de 49cc entrega modestos 2,7 cavalos de potência na versão 2022, com a velocidade máxima limitada por lei a 50 km/h, o que a torna proibida de circular em rodovias.
Outro ponto que precisa ser esclarecido é o consumo. Embora exista uma fama de que ela “pode fazer mais de 65 km/l”, os dados reais são mais conservadores. O consumo médio, confirmado por concessionárias e proprietários, fica na faixa de 45 km/l a 50 km/l. A razão é simples: para acompanhar o trânsito, o piloto precisa manter o acelerador quase sempre no máximo, o que eleva o consumo.
A marca Shineray carrega uma reputação complicada no Brasil, frequentemente associada a baixa qualidade de montagem e peças frágeis. No entanto, a Phoenix 50 se destaca como uma notável exceção. Em fóruns e grupos de discussão, o modelo é consistentemente elogiado por sua confiabilidade e robustez, sendo descrito como uma moto “honesta”.
Há relatos de proprietários que rodaram dezenas de milhares de quilômetros sem nunca terem tido problemas no motor. A fama é tão positiva que a Phoenix 50 é considerada por muitos como um dos poucos, se não o único, modelo realmente confiável no portfólio da marca.
A decisão de comprar uma Phoenix 50 deve ser feita com cuidado. O principal risco não está no produto em si, mas no ecossistema da marca. O serviço de pós-venda da Shineray é conhecido por ser deficiente, com grande dificuldade para encontrar peças de reposição. Uma simples manutenção pode se transformar em uma longa dor de cabeça.
A compra é recomendada para um perfil de usuário muito específico: alguém que precisa de um veículo para trajetos curtíssimos, não tem planos de pegar estradas e, preferencialmente, mora em uma cidade com uma concessionária Shineray bem avaliada ou já conhece um mecânico de confiança para motos chinesas. Para esse comprador, que entende todas as limitações legais e de uso, a Phoenix 50 pode, de fato, ser uma solução de mobilidade extremamente barata e funcional.
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